ATA DA DÉCIMA SEGUNDA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUARTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 07-7-2004.

 


Aos sete dias do mês de julho de dois mil e quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Comissão Representativa da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Elói Guimarães, Ervino Besson, Guilherme Barbosa, João Antonio Dib, Luiz Braz e Raul Carrion, Titulares. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni e Clênia Maranhão, Titulares. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Cassiá Carpes, os Pedidos de Providências nos 1361, 1362, 1363, 1364, 1375 e 1376/04 (Processos nos 3492, 3493, 3494, 3495, 3539 e 3540/04, respectivamente); pelo Vereador Cláudio Sebenelo, o Pedido de Providências nº 1365/04 (Processo nº 3496/04) e os Pedidos de Informações nos 123 e 124/04 (Processos nos 3499 e 3500, respectivamente); pelo Vereador Elói Guimarães, os Pedidos de Providências nos 1379, 1386 e 1388/04 (Processos nos 3560, 3599 e 3609/04, respectivamente); pelo Vereador Isaac Ainhorn, o Pedido de Providências nº 1377/04 (Processo nº 3544/04); pelo Vereador João Antonio Dib, o Pedido de Informações nº 127/04 (Processo nº 3583/04); pelo Vereador Mauro Zacher, os Pedidos de Providências nos 1366, 1367 e 1368/04 (Processos nos 3509, 3511 e 3512/04, respectivamente) e o Pedido de Informações n° 125/04 (Processo nº 3503/04); pelo Vereador Pedro Américo Leal, o Pedido de Providências n° 1378/04 (Processo nº 3545/04). Também, foram apregoados os seguintes Ofícios, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre: de n° 288/04 (Processo nº 3588/04), encaminhando a Prestação de Contas da Companhia de Processamento de Dados do Município de Porto Alegre – PROCEMPA, referente ao exercício de dois mil e três; e de n° 291/04, encaminhando Veto Parcial ao Projeto de Lei do Legislativo n° 032/04 (Processo n° 0697/04). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 263, 264, 265, 266, 281, 282, 283/04, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Luiz Braz, aludindo às eleições de outubro do corrente, afirmou que, nos últimos quatro anos, poucos projetos realmente significativos foram votados nesta Casa. Nesse sentido, defendeu modificações regimentais, para priorização da Ordem do Dia e limitação de homenagens durante as Sessões Ordinárias. Finalizando, questionou a não-liberação de verbas orçamentárias previstas para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE. O Vereador João Antonio Dib ressaltou a importância do debate aprofundado dos Processos a serem apreciados pelos Senhores Vereadores, discorrendo sobre o Projeto de Lei do Executivo nº 018/04, que dispõe sobre as Diretrizes Orçamentárias para dois mil e cinco. Finalizando, referiu-se aos trabalhos da Comissão Especial constituída neste Legislativo para debater e avaliar os primeiros anos de implantação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre. O Vereador Guilherme Barbosa reportou-se ao pronunciamento de hoje do Vereador Luiz Braz, quanto a verbas orçamentárias previstas para a APAE, e comentou debate promovido no dia primeiro de julho do corrente, pela Rede Brasil Sul de Comunicação - RBS, entre candidatos ao cargo de Prefeito Municipal de Porto Alegre. Também, requereu o acompanhamento e a fiscalização, pela Casa, dos trabalhos de rezoneamento do Parque Estadual Delta do Jacuí. O Vereador Ervino Besson abordou dificuldades enfrentadas pelos porto-alegrenses quando na busca de “Carta de Habitação” para imóveis construídos, enfocando os transtornos e prejuízos resultantes dessa situação. Nesse sentido, sugeriu a criação de um Conselho Técnico, formado por integrantes de diferentes órgãos públicos, para estudos e elaboração de processos alternativos que orientem e viabilizem uma liberação mais agilizada de imóveis a serem ocupados pelos munícipes. O Vereador Elói Guimarães discorreu acerca de problemas enfrentados pelos Hospitais Cristo Redentor e Nossa Senhora da Conceição, considerando inadmissíveis as dificuldades enfrentadas pela população para acessar esses locais. Nesse sentido, defendeu a abertura de uma passagem na Avenida Assis Brasil para facilitar o acesso a esses Hospitais, citando Pedidos de Providências formulados por Sua Excelência, relativos a essa questão. A Vereadora Clênia Maranhão analisou os resultados da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito instaurada no Congresso Nacional, que trata de crimes sexuais contra crianças e adolescentes, abordando as práticas utilizadas pelos aliciadores de menores e argumentando que políticas públicas devem coibir o trabalho das redes de prostituição infantil. Também, destacou o crescimento no número de casos de AIDS no mundo e lamentou o incêndio ocorrido na Vila Cabo Rocha, em Porto Alegre. O Vereador Raul Carrion solidarizou-se com as famílias atingidas pelo incêndio na Vila Cabo Rocha, relatou reunião realizada no Bairro Rubem Berta, onde moradores reivindicaram regularização do fornecimento de energia elétrica, e registrou sua presença em reunião do Comitê Gaúcho Preparatório ao Fórum Social Mundial de dois mil e cinco. Ainda, criticou o aumento das tarifas telefônicas em São Paulo nos últimos dez anos e comentou estatísticas relativas à criminalidade juvenil no Brasil. Às onze horas e cinco minutos, constatada a inexistência de quórum para ingresso na Ordem do Dia, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos da presente Reunião, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Elói Guimarães e Ervino Besson e secretariados pelo Vereador Ervino Besson. Do que eu, Ervino Besson, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor 1º Secretário e pela Senhora Presidenta.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Valdir Caetano está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) O Ver. Sebastião Melo está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) O Ver. Raul Carrion está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) Transpõe o tempo com outro Vereador. O Ver. Professor Garcia está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) A Verª Maria Celeste está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) A Verª Margarete Moraes está com a palavra em Comunicações. (Pausa.) O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente dos trabalhos Ver. Elói Guimarães, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores, nós estamos, nestes dias de Comissão Representativa, até com uma certa dificuldade, Sr. Presidente, para obtenção do quórum para as nossas Reuniões, porque eu acredito que todas as atenções estejam voltadas agora para o processo eleitoral. E nós vamos, realmente, fazer votos de que a próxima Câmara a se instalar possa trazer para o nosso Município, nas relações com o Executivo, trabalhos mais efetivos, que possam render mais para a Cidade do que, na minha opinião, os que esta nossa Câmara realmente têm efetuado. Eu acredito que, nesta Legislatura - e é a minha 5ª Legislatura e, realmente, não faço crítica pontualmente a nenhum Vereador, na verdade esta crítica é a todos nós, à Câmara, como um conjunto -, nós, como instituição, deixamos muito a desejar, votando durante todo o processo, até agora pelo menos, na maioria das vezes, Projetos sem grande importância para a vida do Município, a não ser Projetos que vieram do Executivo e que foram votados, aqui, discutidos, muitas vezes mal discutidos, às vezes votados às pressas, como algumas leis complementares, leis que mexeram com tributos e que acabaram dando isenções que são contestadas até hoje. Mas eu acredito que, no geral, nós precisamos modificar, aliás, há algum tempo, Sr. Presidente, o Regimento da Casa, no sentido de valorizarmos a Ordem do Dia e de deixarmos o restante da Sessão como coisas secundárias; não fazer como acontece atualmente, quando a Ordem do Dia fica praticamente para o final da Sessão, sendo feita às pressas, todas as matérias sendo votadas de afogadilho, sempre se escolhendo votar nomes de ruas, títulos de cidadania, e a maioria da Sessão sempre destinada às homenagens para esta ou aquela entidade, chegando ao cúmulo de nós colocarmos toda uma Sessão para homenagearmos uma indústria de bebidas, em uma das Sessões realizadas neste mês de julho. Então, acho que, realmente, nós precisamos fazer uma reflexão, como instituição, e precisamos colocar esta Câmara no seu devido lugar, tentando fazer com que ela realmente possa discutir os assuntos que são prioridades para o nosso Município, deixando as homenagens para momentos especiais, que eu acho que devem existir dentro da Câmara Municipal, mas as homenagens não se podem constituir nos momentos principais de nossas Sessões. Acho que isso deslustra o trabalho da Câmara em seu todo, e eu acredito que o nosso papel, como Vereadores, deve ser o papel de procurar defender esta instituição, a fim de que nós possamos, realmente, no confronto com o Executivo, estabelecer aqui a confecção de boas leis.

Por falar em boas leis, existe uma necessidade a ser estudada por esta Câmara. Nós, ao longo dos tempos, temos trabalhado na área tributária, e eu acho que de uma forma, Ver. Guilherme Barbosa, que deixamos a desejar. Eu sei que, por exemplo, existe um confronto entre o Município e algumas instituições, principalmente em empresas de grande porte, na área do IPTU. Até o ano 2000, V. Exas sabem que o IPTU progressivo foi muito contestado. Mas é claro que quem o contestou foram as grandes empresas, aquelas que tinham muito a pagar para o Município. E, na discussão com o Município, o que aconteceu, Ver. Guilherme, é que essas grandes empresas acabaram vencendo. Até o ano 2000, nós não podíamos, de acordo com os tribunais superiores, ter estabelecido aqui a progressividade nos impostos. Tanto é que a Emenda nº 19, que veio no ano 2000, veio para fazer uma certa correção que ainda é contestada pela doutrina para colocar a progressividade, que está sendo contestada, também, a partir do ano 2000, porque até esse ano é líquido e certo que nós não podíamos cobrar impostos progressivos. O IPTU progressivo foi equivocadamente cobrado. A partir do ano 2000, veio a Emenda nº 19 colocando a progressividade no IPTU, só que isso está sendo contestado porque, dizem aqueles que não aprovam essa progressividade, uma Emenda constitucional só pode ser votada também por um Congresso originário, constitucional. Este Congresso que está aí não seria suficiente para fazer Emendas que modifiquem a Constituição naquilo que são as cláusulas pétreas da Constituição. Por isso mesmo, existe uma contestação, existe uma ADIn, em Brasília, contestando esses valores.

E vejam bem, esses valores que são contestados em termos de IPTU poderiam dar, para o nosso Município, uma soma de recursos de cem milhões de reais. É o que está sendo contestado hoje. É claro, a soma é bem superior a cem milhões de reais, mas o Município, se resolvesse negociar com essas instituições, com essas empresas, poderia absorver valores, Ver. Guilherme, que - eu acho - seriam importantes para a realização de obras.

Outra coisa que - eu acredito - nós precisamos corrigir são algumas situações de leis que são votadas aqui e que não são respeitadas pelo Executivo. Quando nós votamos o Orçamento para este ano, nós colocamos uma Emenda, deste Vereador, que foi aprovada pelo Executivo, dando 152 mil reais para a APAE. Estavam aqui todas as pessoas que apoiavam aquela Emenda, que não era originária deste Vereador; era um pedido da APAE, porque era uma necessidade para que a APAE pudesse efetuar o seu serviço. Até hoje a APAE não recebeu esse dinheiro!

E, vejam bem, anteontem, membros do Executivo disseram para a APAE que não serão repassados para ela os 152 mil reais que foram aprovados aqui no Orçamento; que poderão ser repassados 90 mil reais se aprovados pelo Orçamento Participativo. Isso, gente, não pode acontecer! O que a Administração passa para essas instituições é uma mentira; e é alguma coisa que não pode persistir; nem os Vereadores de oposição nem os de situação podem permitir que o Executivo desrespeite algo que foi votado pelo Legislativo, Ver. Elói Guimarães, causando prejuízos enormes, hoje, para esses deficientes que, nas suas escolas, estão enfrentando problemas de greves, de falta de recursos para que eles possam persistir no trabalho, e o Executivo, simplesmente, fazendo esta brincadeira que, para receber parte do dinheiro que foi aprovado, aqui, por esta Câmara, precisa passar no Orçamento Participativo. Eu acho que isso é um crime, e as pessoas que estão praticando esse crime deveriam ser punidas. Quem sabe vai haver uma punição, brevemente, por parte da população, mas eu acredito que essas coisas não podem passar sem um julgamento por parte desta Câmara e sem uma ação por parte desta Casa, que possa, realmente, resolver esses conflitos sociais.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, o legislador tem o poder-dever de fiscalizar ou o dever-poder de fiscalizar; não faz diferença a colocação entre dever e poder ou poder e dever, ele precisa fiscalizar. Eu acredito que nós não temos fiscalizado com muita eficiência.

A nossa Sessão Ordinária tem dois momentos culminantes: a Pauta, que é o momento em que nós tomamos conhecimento e podemos debater os projetos, especialmente aqueles que criam algo para a Cidade, ou algum problema até para a Cidade, os que vêm do Executivo, e, eventualmente, alguns dos nossos colegas Vereadores que mudam alguma coisa e que precisa ser examinada com cuidado; e, depois, a Ordem do Dia. E como foi dito aqui, às vezes, nós temos dificuldades, porque, ao chegar na seqüência que nós temos, nos nossos dias de Sessões Ordinárias, nas segundas, quartas e quintas-feiras, à tarde, ao chegar na Ordem do Dia, o tempo da Sessão está vencido, os Vereadores já não estão mais presentes, então a coisa realmente fica difícil. Mas, todos os anos, nós temos três problemas importantes que devem buscar toda a nossa concentração e dedicação. A Lei de Diretrizes Orçamentárias, que este ano tivemos de discutir na Pauta em uma Sessão Extraordinária em razão do evento que decretou luto por três dias, e nós então atrasamos um dia, mas votamos em tempo hábil, não há problema nenhum, porque a Comissão de Finanças analisa nos primeiros dias de agosto, e até o dia 15 de agosto estará nas mãos do Prefeito, para que ele elabore o Orçamento para o próximo ano. O outro momento é exatamente quando nós vamos discutir o Orçamento. Eu acho que, quando nós votamos as duas grandes Leis, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e o próprio Orçamento, nós precisamos concentrar-nos em fazer uma análise criteriosa, estudos coerentes com a nossa função primeira, que é a de fiscalizar. E outra que está sempre presente é o acompanhamento do Plano Diretor.

O Executivo Municipal – e nós não fiscalizamos, vejam só – já deveria, há dois anos, ter encaminhado a primeira avaliação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental, mas não mandou. Ele deveria ter encaminhado o Plano Viário para a Cidade, há mais tempo, 180 dias depois de aprovado o Plano Diretor, também não mandou; mandou algumas linhas genéricas aí que não é um Plano Viário. Mas a Câmara, no ano passado, constituiu uma Comissão Especial para analisar o Plano Diretor, e essa Comissão deveria receber os anseios da coletividade, ouvir os anseios da coletividade, os problemas levantados pela própria coletividade, em vez de fazer a análise da avaliação que o Executivo não nos deu. E a Comissão tem alegado falta de assessoria, tem alegado dificuldades de toda a sorte para análise do Plano Diretor.

O agradecimento deve ser uma coisa permanente, e eu, não tendo feito o agradecimento na oportunidade, vou fazer agora desta tribuna. Quando se instituiu essa Comissão, enfrentando dificuldades - depois de ouvir algumas injustiças em relação ao meu procedimento, já que eu presidi a Casa no ano passado, com muita honra até -, eu tinha de dar cobertura para a Comissão Especial que se instalava, e discutiram exaustivamente quantos seriam os membros da Comissão. Então, já que não havia recursos na Casa, eu fiz uma solicitação para as universidades, para as faculdades, para que fornecessem assessores gratuitamente, como a Sociedade de Engenharia já fez um estudo do metrô, o estudo do trólebus, a ponte do Guaíba, deu a sua contribuição e vão continuar dando contribuição sem nenhum problema.

Então, eu recebi e sempre encaminhei à Comissão do Plano Diretor, ao seu Presidente, como, por exemplo, o Ofício da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Lê.): “... Em atenção ao pedido formulado, encaminho os nomes dos professores indicados pela PUCRS, com as respectivas disciplinas solicitadas, para prestarem o devido assessoramento, a seguir relacionados: Professor Paulo Dieter Nygaard - Evolução Urbana; Professor Renato Marques Fernandes - Zoneamento e Dispositivo de Controle das Edificações; Professor Júlio César Bicca-Marques - Meio Ambiente; Professora Rosana Picoral Solano – Urbanismo; Professora Ivanice Schultz - Técnica de Economia de Transportes; Professor Jorge Alberto Willwoch – Meio Ambiente; Professora Ana Regina de Moraes Soster – Geografia Urbana.” Ao Reitor da PUC, os agradecimentos, atrasados, deste Vereador que presidiu a Casa no ano passado, mas que, imediatamente, quando recebeu, no dia 4 de novembro, no mesmo dia, encaminhou para a Comissão do Plano Diretor. Magnífico Reitor, os meus agradecimentos sinceros. Lamentavelmente, nós não usamos aquilo que foi colocado à disposição.

Também o Magnífico Reitor da Unisinos, Professor Aloysio Bohnen, nos encaminhou os seguintes professores (Lê.): “Evolução Urbana, Profa. Clarice Maraschin; Circulação e Transportes, Prof. João Hermes Junqueira; Geografia Urbana e Meio Ambiente, Profª. Luciana Gomes; Preservação Cultural, Prof. Maturino da Luz; Zoneamento e Dispositivos de Controle das Edificações, Profª. Thêmis Fagundes.” Mais uma vez, o meu profundo reconhecimento pela colaboração que parece não tivemos aqui no Plenário, não aceitaram.

Agradeço, também, à Universidade Luterana do Brasil, a ULBRA, por seu Pró-Reitor de Graduação, Dr. Nestor Luiz João Beck, que encaminhou professores do mais alto nível, como todos os outros professores que foram citados aqui: para Evolução Urbana foi encaminhada a Profª. Arquiteta Karen Haas e o Prof. Arquiteto Luiz Carlos Zubaran; para Circulação e Transportes - aquele Projeto que o Prefeito deveria ter mandado, o Plano Viário da Cidade, e não mandou, vejam V. Exas. o que a Casa não usou, mas que lhe foi colocado à disposição, melhor dito, a Comissão do Plano Diretor não usou e foi colocado à disposição -, o Prof. Engº. Civil Cloraldino Soares Severo, ex-Ministro do Transporte deste País, com profundos conhecimentos, pois é engenheiro proveniente da área rodoviária, do DNER, formado aqui em Porto Alegre, nosso colega; o Prof. Engº. Civil Duarte da Rosa Filho e o Prof. Engº. Civil Renan Jesus Pacheco Korff. Este último eu tive o prazer de trabalhar com ele na Secretaria Municipal de Transporte, quando se dizia, neste País, e por muito tempo se disse isso, que a melhor equipe de transporte do País estava em Porto Alegre, na Secretaria Municipal de Transporte, mas a Comissão do Plano Diretor achou que não era conveniente. Para Geografia Urbana, a Profª. Geógrafa Heloísa Gaudie Ley Lindau e Prof. Geógrafo Rafael Lacerda Martins; para o Meio Ambiente, Profª. Arquiteta Ghissia Hauser e Profª. Engª. Civil Maria de Fátima Becker; para Preservação Cultural, Profª. Arqª. Mônica Beatriz Russomano e Prof. Arq. Luiz Gonzaga Binatto de Almeida; para Zoneamento e Dispositivos de Controle das Edificações, Prof. Arq. Luiz Carlos Moraes.

Vejam V. Exas que não foi por falta de assessoria para a Comissão do Plano Diretor que ela não tenha dado passos maiores; assessoria foi dada, o que faltou mesmo foi que o Prefeito mandasse a avaliação do Plano Diretor, que mandasse o Plano Viário da Cidade, que não mandou; e parece que disso a Comissão não reclamou muito.

Então, Sr. Presidente, encerro, dizendo mais uma vez: às Universidades, que responderam prontamente à solicitação do Presidente da Câmara Municipal, muito, muito obrigado. Lamentavelmente, não usamos os recursos colocados à nossa disposição, mas, evidentemente, amanhã poderá ser outro dia. Saúde e PAZ!

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente da Sessão, Ver. Elói Guimarães, demais colegas, Vereadores e Vereadora, pessoas que nos acompanham, telespectadores do Canal 16, quero tocar em três assuntos que acho que têm importância na vida da nossa Cidade. Ao mesmo tempo, vou comentar e trazer uma informação a respeito do assunto enfocado pelo Ver. Luiz Braz com relação a uma Emenda de autoria de S. Exª a respeito de uma transferência de recursos para a APAE.

Informa a assessoria do Sr. Prefeito que já há discussões, reuniões - aconteceram duas entre a SGM e a Direção da APAE - para verificar a forma do repasse, na verdade; e que, talvez, sim, pela dificuldade financeira que passa a Prefeitura, à semelhança do ano passado, não se consiga repassar todos os recursos. Relembro que, na verdade, um Orçamento é uma autorização de gastos; nem sempre é possível fazer todo. Mas a preocupação do Executivo é uma forma de prestação de contas, depois desse recurso, na medida em que, se, por acaso, viesse a ser mal aplicado, o Prefeito teria de dar explicações. E, também, o Sr. Vilson Martins, advogado do Prefeito, que aqui faz essa assessoria, lembra que, no ano passado, o repasse se deu em outubro, em face da dificuldade da Prefeitura, e que, neste ano, de alguma forma, já estamos procurando antecipar isso aí.

Quero, também, falar, como eu disse, em três assuntos importantes ligados à vida da nossa Cidade. Primeiro, há uma preocupação muito grande com relação a uma manifestação de um dos candidatos a Prefeito. Sabemos das dificuldades aqui da TVCâmara, portanto não vou citar o nome do candidato. Mas, no debate já promovido pela RBS, esse candidato a Prefeito da nossa Cidade, de uma forma muito incisiva, afirmou que a água de Porto Alegre, servida pelo DMAE, era de péssima qualidade, que as pessoas deixavam a cidade de Porto Alegre, os visitantes, ao tomar a nossa água, e assim por diante. Além de ser uma afirmação inverídica, é uma afirmação irresponsável. Eu quero, aqui, dizer isso incisivamente. Inverídica, porque a água entregue pelo nosso Departamento Municipal de Água e Esgotos - e não só nas nossas Administrações, quero frisar isto - é de alta qualidade, fiscalizada, tanto pela Secretaria Municipal da Saúde quanto pela Secretaria Estadual da Saúde e pelo Ministério da Saúde, que atestam esta minha afirmação. Permanentemente a água de Porto Alegre é vigiada. E este ex-Diretor-Geral do Departamento - aqui nós temos outro, o Ver. João Dib - tem a responsabilidade de dizer à população de Porto Alegre que essa água que o DMAE oferece à população da nossa Capital é uma água absolutamente potável e, talvez, uma das melhores águas potáveis do País. Afirmamos, sem qualquer dúvida no que dizemos, que qualquer cidadão desta Cidade pode tomar direto na entrada da sua casa essa água. Sempre fazemos a observação de que se há reservatório nessa economia, aí, sim, pode haver algum risco, mas, se vem direto do sistema público de abastecimento, essa água pode ser bebida.

A afirmação foi irresponsável, porque uma afirmação como essa pode trazer pânico às pessoas. Quem trabalha nessa área sabe que tem de ter muito cuidado com aquilo que afirma. E ele, para argumentar isso e seguir na sua afirmação, diz que deveria ser mudado o ponto de captação – “o ponto”, diz ele - para o tratamento de água. Esse é um estudo antigo que existe no Departamento, muito antigo, no sentido de que deveríamos buscar água lá no outro lado do Guaíba, onde a água é praticamente do Jacuí, do qual, dos formadores do Guaíba, de fato, é a melhor água que chega. No entanto, isso custa uma fortuna, a Cidade tem, não só um ponto de captação, mas cerca de 7 pontos de captação; portanto, não resolveria o problema. Essa fortuna em recursos financeiros deve ser, como estamos fazendo há muito tempo, aplicada no tratamento do esgoto para recuperar o nosso manancial.

Então, fica um cheiro assim de que esse candidato quer, na verdade, ter obras para algumas empreiteiras.

Portanto, quero, aqui, rebater incisivamente, porque é uma afirmação inverídica e irresponsável.

Outro assunto que está nos jornais de hoje, ao qual é importante se fazer referência, diz respeito à redefinição ou rezoneamento, como tem sido dito, do Parque Estadual do Jacuí.

Os colegas Vereadores, e a Verª Clênia Maranhão - que é a representação feminina neste momento no plenário - sabem que as nossas ilhas constituem um espaço geográfico importantíssimo de Porto Alegre e da região. Este Parque é estadual, tem uma função muito grande em flora e fauna, e tem de ser protegido. E é gerenciado pelo Governo Estadual.

Ao longo do tempo, ele não foi devidamente fiscalizado, e, em muitos locais, foram acontecendo ocupações de moradias pobres. E, realmente, todos concordam com a necessidade de um rezoneamento e de uma fiscalização mais rigorosa. Eu falei em moradias pobres, mas me dou conta de que também há um problema mais sério ainda, que são as mansões que ocupam áreas indevidas neste Parque. Às vezes, há uma fiscalização - quando há - nas moradias populares, mas não há nas mansões que ocupam essa região.

Há uma situação sobre a qual não está havendo um debate como deveria haver, ocasionando, ontem, uma manifestação grande da população, fazendo com que a SEMA – Secretaria Estadual do Meio Ambiente - segurasse o Projeto que já estava encaminhando à Assembléia Legislativa, porque não está bem claro onde ficarão as moradias e quem vai ser responsável pelo reassentamento. Isso tem a ver com Porto Alegre, isso tem a ver com Eldorado do Sul, que ficariam com uma tarefa muito grande de construir milhares de moradias populares sem que o Estado também se responsabilizasse por esse processo.

Portanto, quero aqui juntar a minha voz para a necessidade de que haja um melhor debate sobre o tema e, também, uma melhor definição de quem depois vai se responsabilizar pela construção dessas moradias.

Por último, não tive tempo antes de vir à tribuna, mas, na semana passada, nós tivemos um evento muito importante no Paço Municipal, quando se juntaram vários atores para solucionar o problema de moradia de um grupo carente de pessoas da nossa Cidade. O importante é que tivemos uma presença significativa de atores nessa direção. Então, através da Caixa Econômica Federal, haverá, pelo Programa PSH - Programa de Subsídio Habitacional para pessoas de baixa renda -, um repasse de recursos para a construção de moradias, Ver. Carrion; junta o DEMHAB, que vai acompanhar e gerenciar esse processo no Município; junta também cooperativas habitacionais - a COOHALPI, que é da Lomba do Pinheiro e tem principalmente vigilantes municipais, e a COOHMETAL, dos metalúrgicos, que, provavelmente, V. Exª conhece bem. Também há o Movimento Nacional de Luta pela Moradia. Portanto, já estamos falando aqui em órgãos públicos federais e municipais, movimento popular, e juntou, vejam bem, o Sindicato dos Arquitetos, dando apoio técnico. Através de seus associados, os arquitetos vão cobrar R$ 150,00 pelos projetos das moradias, o que é um valor absolutamente acessível. Para isso também entrou colaborando nesse processo o próprio CREA - que há pouco fez 70 anos, sendo homenageado por nós nesta Casa -, diminuindo a taxa da ART, de tal forma que os arquitetos que vão fazer esse trabalho social não sejam penalizados. Com a taxa bem menor, o CREA também colaborou com isso. Então, vejam, há muitas presenças nesse processo. Mas há uma grande ausência nesse processo. Qual é? A do Governo do Estado, que nós sabemos, em termos de moradia popular, repetiu, está repetindo o Governo Antônio Britto. Eu sempre dizia nesta tribuna que, se nós procurássemos uma marca do Governo Antônio Britto para o seu perfil anti-social praticamente, é porque não havia feito nada em termos de moradia popular. Veio o Governador Olívio, estruturou uma Secretaria, investiu muito e, agora, o Governador Rigotto também faz praticamente zero. Não é à toa - e já encerro - que o Secretário Alceu Moreira vive pedindo para sair da Secretaria, porque não tem dinheiro nenhum. Então, vejam, juntou-se o Governo Federal, o Governo Municipal, CREA, Sindicato dos Arquitetos, movimentos populares, e a grande ausência é a do Governo do Estado. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, também as pessoas que nos assistem pela TVCâmara, eu queria cumprimentar a todos. Hoje é o primeiro dia da Comissão Representativa e, no dia de ontem, iniciou-se aqui na nossa Cidade e em todo o Brasil a campanha eleitoral. Queira Deus que a população de Porto Alegre, minha cara Verª Clênia, eleja um dos candidatos que tiverem melhores condições de administrar esta nossa Cidade, assim como a Câmara Municipal de Porto Alegre, porque quem decide é o nosso povo da cidade de Porto Alegre.

Eu falei algumas vezes nesta tribuna, e vou retornar no dia de hoje a falar neste mesmo assunto: a problemática que a nossa população enfrenta para conseguir habite-se nesta Cidade. Eu denunciei aqui nesta tribuna que o prédio da SMOV não tem habite-se. Meu caro ex-Secretário da SMOV, Ver. Guilherme Barbosa, que está aqui, o prédio da SMOV não tem habite-se. Eu já fiz outras vezes a denúncia aqui nesta tribuna. Agora, eu pergunto a V. Exas: se o prédio de um órgão que tem a responsabilidade e a competência de fiscalizar e de dar o habite-se para milhares de pessoas que procuram a Secretaria e têm uma dificuldade enorme de conseguir o habite-se, se o prédio onde trabalham os nossos técnicos, não tem habite-se, Ver. Guilherme Barbosa... Gostaria até que V. Exª, que foi um brilhante Secretário da SMOV, conseguisse responder algo para que a nossa população de Porto Alegre também ficasse ciente dessa situação.

 

O Sr. Guilherme Barbosa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço o aparte, Ver. Ervino Besson, e não sei se está na matéria, porque eu não li, mas quando o prédio da SMOV foi construído, assim como vários outros prédios públicos, eles simplesmente não precisavam obter a carta de habite-se, esta era a regra; mas, depois, ao longo do tempo, vem-se, paulatinamente, adaptando o prédio da SMOV à legislação atual. Em termos de acessibilidade já foi feito. Atualmente, praticamente o que é preciso fazer é a modificação do forro das salas. Para isso há projeto, mas não há previsão orçamentária para esse trabalho. No entanto, é isso o que eu quero dizer a V. Exª: não existe uma irregularidade, porque, quando o prédio foi construído, não se exigia habite-se para os prédios públicos, mas, como temos uma nova legislação, vem-se, permanentemente, trabalhando para adaptá-lo a essa situação nova. Obrigado.

 

O SR. ERVINO BESSON: Mas, caro Ver. Guilherme Barbosa, eu pergunto a V. Exª: e outros prédios, centenas de prédios nesta Cidade, que foram construídos naquela época e enfrentam essa mesma problemática, inclusive casas comerciais? Como disse, V. Exª foi um brilhante Secretário da SMOV, e V. Exª sabe disso, que está complicando a vida de diversas pessoas nesta Cidade, de centenas de pessoas na cidade de Porto Alegre.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Ervino Besson, eu também fui Secretário de Obras e queria dizer a V. Exª que os prédios públicos tinham tramitação diferente da dos prédios privados, até porque não se esperava do Poder Público fazer especulações imobiliárias e nem nada. Apenas eram dados os limites, e esses limites eram respeitados. Por isso que nenhum dos prédios da Prefeitura tem habite-se em momento nenhum, e acho que alguns prédios do Estado também não tiveram, porque não foi necessário. A tramitação era diferente, desde a entrada do Processo até a autorização, o licenciamento.

 

O SR. ERVINO BESSON: Ver. João Antonio Dib, eu respeito V. Exª, que já foi Prefeito desta Cidade e conhece como poucos a cidade de Porto Alegre. Agora, eu estou estranhando isso, se um prédio público tem dificuldades, não tem habite-se, eu pergunto: qual a moral tem um órgão público ao pedir uma série de exigências para os munícipes de Porto Alegre conseguirem um habite-se? Eles não conseguem habite-se, Vereador. Há uma série de problemas nesta Cidade, as pessoas não conseguem habite-se, inclusive pessoas que tem um comércio e estão tendo uma dificuldade enorme para trabalhar, porque a Prefeitura multa e fecha o comércio, porque não consegue o habite-se.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É de se esperar que o Poder Público não fraude o Poder Público. Mas, de qualquer forma, quero dizer a V. Exª que, há três ou quatro anos, eu venho tentando aprovar um Projeto, simplificando a apresentação do projeto de regularização. Mas eu não estou tendo o apoio dos meus pares para que ele seja votado.

 

O SR. ERVINO BESSON: Ver. João Antonio Dib, não sei se cabe um Projeto de Lei, mas, como sugestão, fica aqui: que a Prefeitura crie um conselho, Vereador, um representante, um técnico da SMOV, do DMAE, do DEP, da SMIC, para que essas pessoas, esses técnicos, tenham poderes e condições, porque todas essas edificações têm problemas. As pessoas não conseguem o habite-se. Chega um órgão e faz uma exigência; aí, a pessoa cumpre aquela exigência; chega outro órgão, e faz outra alteração. Então, é um inferno que esta Cidade vive. Nós, como Vereadores, temos de estar ao lado dessas pessoas, tentar facilitar, para que elas consigam o habite-se.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) A preocupação de V. Exª é muito importante, porque a regularização faz com que, de repente, cessem construções inadequadas, aumentos. Regularizando, as pessoas sabem que não vai ter por muito tempo nenhuma outra lei autorizando regularização, porque eles vão fazer o que precisam. É bom para a Prefeitura, vai saber, vai cobrar mais impostos, e é bom para o proprietário. É bom para todos. A última vez foi em 1988, houve um Projeto de Lei de regularização. Precisa? Precisa, V. Exª está correto.

 

O SR. ERVINO BESSON: Obrigado, Ver. João Antonio Dib. Mais uma vez eu reforço a idéia desse conselho, porque hoje, para se liberar uma planta, uma construção, leva-se aproximadamente três anos. Três anos!

No ano passado, constatei, em uma viagem que fiz ao Paraná, que, quando não surge nenhum problema com uma construção ou com a abertura de uma casa comercial, a liberação leva no máximo 30 dias. Há uma equipe de técnicos da Prefeitura local, com representantes de cada setor, que vai ao local. Então, meu caro Presidente Elói Guimarães, em aproximadamente 30 dias é liberada a obra ou o alvará para funcionamento de uma casa comercial. Aqui, é um problema extremamente sério, e as pessoas não sabem a quem apelar. Pedem socorro aos Vereadores. Portanto, reforço essa idéia de que a Prefeitura crie um conselho, com técnicos da SMIC, SMOV, DMAE, DEP, para solucionar os problemas que surgem, porque não é possível que na Capital do Estado do Rio Grande do Sul, em pleno século XXI, a liberação de uma licença para construção leve três anos. A pessoa não consegue alvará, não consegue habite-se. Onde é que nós estamos?

Fica aqui esta sugestão, Sr. Presidente, e tenho certeza de que os munícipes de Porto Alegre ganharão muito se for criado esse conselho. Isso ajudará muito as pessoas que vivem esse inferno da liberação do alvará e do habite-se. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Solicito ao Ver. Ervino Besson que assuma a direção dos trabalhos, para que este Vereador possa usar a palavra.

 

(O Ver. Ervino Besson assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Ver. Ervino Besson, no exercício da Presidência dos trabalhos, Srs. Vereadores e Srª Vereadora Clênia Maranhão, eu, há muito, postulo providências relacionadas à circulação, ao trânsito e ao tráfego em área que reputo vital aos interesses comuns da sociedade, ligados, diretamente, à saúde da população com relação ao Hospital Cristo Redentor e ao Hospital Conceição. Há muito fechou-se um acesso fundamental à finalidade daquelas instituições, do ponto de vista da necessidade do atendimento rápido, pois se trata de hospitais com atendimento de pronto-socorro, por assim dizer, como o Hospital Cristo Redentor. A Avenida Assis Brasil que é, talvez – e do ponto de vista comercial não tenho dúvidas –, o eixo mais importante da cidade de Porto Alegre e com altas demandas de trafegabilidade, teve um dos seus acessos fechado, o que se dava pela Rua Edmundo Bastian para chegar-se ao Hospital Conceição e também ao Hospital Cristo Redentor. Lembro que foram alterações que fizemos ainda quando Secretário Municipal dos Transportes, quando foi implantada no Hospital Cristo Redentor esta finalidade de pronto-atendimento, que hoje ainda ele tem. Se nós andarmos na área – e quem conhece a área é a população -, nós vamos ver que quem estiver no sentido centro-bairro da Av. Assis Brasil, para chegar no Hospital Conceição, tem de fazer um trajeto desnecessário, uma vez que se fechou, ali, o acesso da Rua Edmundo Bastian com a Av. Assis Brasil. Instalou-se, ali, um conjunto de providências que permitia circular-se em torno do Hospital Cristo Redentor e acessar-se o Hospital Conceição. Fechado esse acesso, as pessoas que estão à esquerda da Av. Assis Brasil, no sentido centro-bairro, têm de andar quilômetros, indo quase lá na Volta do Guerino, para fazer o contorno, entrar na Av. Francisco Trein e chegar ao Hospital Conceição. No caso dos que vêm do bairro Sarandi, exemplificando, e querem chegar no Hospital Conceição, terão de entrar na avenida ao lado da Faculdade São Judas Tadeu, junto ao Colégio Dom Diogo, e fazer uma volta para chegar no Hospital Conceição.

Já fizemos Pedidos de Providências, no passado; certa feita, dissemos, até, que íamos interromper a Av. Assis Brasil, com a participação dos moradores e comerciantes locais. É um absurdo o que entra de ambulâncias na contramão! Basta chegar ali e conversar com os moradores para se comprovar a desatenção absoluta com um assunto, que é de vital importância à atividade, não só de circulação, relacionada com o atendimento médico-hospitalar.

Então, faz-se imprescindível. Ainda bem que o acesso ali não foi fechado; colocaram as chamadas maletas de concreto. No entanto, vai-se abrir, sim, aquilo ali, hoje, amanhã, ou depois. Vai-se abrir aquele acesso, pois não é possível manter aquela situação, fazendo com que providências no campo da saúde tenham seu desenvolvimento lento. Haverão de dizer: “Mas teremos um x de retenção no eixo na Av. Assis Brasil.” Sim, poderemos, sim! Mesmo admitindo essa retenção de demanda na Av. Assis Brasil, valeria a pena. Mas, pode-se jogar com outras alternativas, como, se fez ao longo da Assis Brasil, com a colocação de uma série de sinaleiras – discutíveis -, não se tendo a prioridade da Rua Edmundo Bastian, Ver. João Antonio Dib.

A gente que conhece aquela área – e eu convivo, diariamente, naquela área da Cidade -, que é fundamental à saúde pública por ali se localizarem dois hospitais – sendo que o Hospital Cristo Redentor possui papel de pronto-atendimento, é um minipronto-socorro –, faz-se imprescindível abrir aquele acesso, tirar aquelas maletas de concreto, para que todo aquele fluxo - à esquerda da Av. Assis Brasil, no sentido bairro-centro, que passa pelo Jardim Floresta, Cristo Redentor, Lindóia, São Pedro – tenha acesso ao Hospital Conceição. E aqueles que estão acima da Rua Fernando Abbott e querem acessar o Hospital Cristo Redentor, também tenham o ponto de acesso por ali.

Basta chegar ali nas imediações do Hospital Cristo Redentor e perguntar para qualquer um, um comerciante: “Mas, como é isso aqui?” Ele dirá: “Isso aqui é um perigo terrível. As ambulâncias entram na contramão!”. Então, nós precisamos resolver - é fundamental, é importante -, pois a demora de um segundo, para se salvar uma vida, pode ser fatal. Não se pode mais conceber que não se abra ali, na Rua Edmundo Bastian, esse acesso, que pode ser compensado com determinadas sinaleiras à frente. Mesmo que tenha de se pagar um preço pela retenção no eixo da Av. Assis Brasil, vale a pena, Ver. João Antonio Dib, fazer-se essa modificação, que já havia.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Elói Guimarães, V. Exª e eu tivemos a sorte de ter a melhor equipe de trânsito do País. Eu acho que agora algumas coisas são decididas na planta e não no local. Eu cansei de pedir uma sinaleira no cruzamento da Rua Germano Petersen Júnior com a Av. Cristóvão Colombo, porque, todas as semanas, há vidros quebrados de automóveis que se bateram. Eles não colocaram. Mas uma quadra adiante, onde não há o mesmo movimento, onde não há a mesma necessidade, eles colocaram uma sinaleira. Eu acho que V. Exª coloca bem, tem de se avaliar no local e não nas plantas.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: É, exato. Ali nós já tínhamos estudos, não é algo assim de solução de “pronto-socorro” para trânsito; foi algo estudado, examinado. É necessário fazer-se o acesso a essas duas grandes instituições hospitalares, que são os Hospitais Conceição e o Cristo Redentor. Nós insistimos, aqui, vamos continuar insistindo, já fizemos Pedido de Providências no ano passado; já falamos este ano no sentido de se abrir o acesso para a Rua Edmundo Bastian, para que os veículos cruzem a Av. Assis Brasil e acessem o Hospital Conceição e o Hospital Cristo Redentor, porque, dependendo da localização que se está - e o grande fluxo, a grande demanda é essa -, as pessoas têm de percorrer quadras e quadras, congestionando, também, de certa forma, o trânsito por falta desta providência que está sendo solicitada. E nós vamos insistir, porque se não for feito hoje, haverá de ser feito amanhã. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

(O Ver. Elói Guimarães assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Clênia Maranhão está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores - tendo em vista que as Vereadoras não estão na Comissão Representativa no dia de hoje -, esta fase do trabalho parlamentar, que é a Comissão de Representação, que acontece entre os períodos das Sessões Ordinárias, de debates do Parlamento, representa espaço político importante, pela possibilidade que temos de discutir os principais problemas que afetam a nossa sociedade, com espaço de tempo maior.

Eu gostaria de me referir a três questões que, inclusive, ocuparam, no dia de hoje, um espaço significativo na imprensa, porque, efetivamente, tem um significado, uma importância no que se refere à garantia dos direitos das pessoas.

Primeiro, quero me referir a um resultado de uma importante e corajosa CPI, uma CPI mista entre o Senado e a Câmara dos Deputados, feita pelo Congresso Nacional, que trata da questão dos crimes sexuais praticados contra as pequenas vítimas deste País, as violências, as situações de exploração contra as crianças e os adolescentes brasileiros.

Os resultados dessa CPI, que foi presidida pela Senadora Patrícia Sabóia Gomes e teve como Relatora a Deputada Maria do Rosário, deram visibilidade, permitindo que a sociedade brasileira conhecesse o drama que há muito é acompanhado e vem sendo denunciado pelos profissionais que trabalham pela garantia dos direitos infantis.

Uma dessas questões que veio à tona é o envolvimento de autoridades públicas, quer sejam dos Legislativos, quer sejam dos Executivos, na exploração sexual contra crianças e adolescentes neste País.

Os trabalhos da CPI foram descentralizados pelo Brasil, e aqui em Porto Alegre permitiram, inclusive, que se elucidassem redes de tráfico de crianças, de exploração no Centro de Porto Alegre e nas cidades do Interior.

Eu acho que essa questão envolve não apenas os aparatos policiais e as ações repressivas, mas ela tem de envolver também os Parlamentos, porque nós somos formuladores e fiscalizadores desse espaço do Município, e temos a certeza de que no tráfico interno - que é exatamente o deslocamento dentro do nosso território, de adolescentes - muitas vezes, no Interior do Estado, são aliciadas por traficantes que prometem a essas adolescentes oportunidade de emprego, ou em residências, ou como dançarinas, como cantoras, na verdade, escondem o tráfico de prostituição. Essas meninas são submetidas, subjugadas, e ficam à mercê dos adultos que as exploram financeiramente, colocam-nas em cárceres privados ou colocam-nas nas ruas sob ameaça e exploração financeira. Normalmente, terminam vítimas de violências, das drogas e antecedem uma fase adulta de miséria, de abandono e de absoluta degradação da sua condição humana ou da sua auto-estima. Essa rede de exploração fere o Estatuto da Criança, fere as legislações, e elas têm de ser, inclusive, trabalhadas do ponto de vista das políticas públicas municipais; políticas públicas que devem ser fiscalizadas por esta Casa, devem estar, evidentemente, vinculadas às políticas de assistência às crianças e adolescentes vitimizados. Portanto, acho que a temática social é absolutamente vinculada à temática da garantia dos direitos humanos das crianças vítimas desses processos e de inúmeros outros processos de abandono.

Acho que neste momento é importante levantar uma grave situação de Porto Alegre no que se refere a uma ausência quase absoluta de rede de apoio; uma questão fundamental para que as crianças que são afastadas das suas famílias possam ter nos lares substitutos, nas políticas de garantias dos seus direitos uma forma de resgate da sua condição cidadã.

Uma outra questão que acho importante, também, que os Parlamentos se apropriem com mais radicalidade é um outro tema que também ocupa as imprensas - os jornais, as rádios, a imprensa de uma forma geral - no dia de hoje. Os relatórios da Organização Mundial de Saúde e da UNAIDS - o órgão que trata das políticas de prevenção à AIDS - nos apontaram dados absolutamente preocupantes: 5 milhões de pessoas no mundo, no ano de 2003, foram infectadas pela epidemia da AIDS. Os investimentos feitos pelos países ricos têm sido muito mais no sentido de garantir os lucros astronômicos dos grandes laboratórios de medicamentos do que no sentido de trabalhar para a produção de um medicamento acessível ao conjunto das populações. Felizmente, o Brasil tem sido apontado como um dos países de uma política de prevenção à AIDS bastante audaciosa e vitoriosa; e acho que isso se deve, fundamentalmente, às campanhas de prevenção e ao fato de termos conquistado no País a possibilidade de ampliar o número de pessoas infectadas que são tratadas com medicamentos distribuídos pelo SUS. Porém, o combate a essa epidemia já foi, inúmeras vezes, repetido por muitos profissionais da área: passam necessariamente pelo fim do preconceito, pelo debate aberto das formas de contaminação e pela reestruturação das relações afetivas e sexuais entre os parceiros, não os contaminados, mas entre aqueles que poderão se contaminar, inclusive nas relações com seus parceiros fixos.

E, para concluir, não poderíamos deixar de registrar, na manhã de hoje, a triste realidade de mais um incêndio de uma vila de Porto Alegre. Evidentemente o amontoado de casebres que se espalham pelas inúmeras vilas onde moram nossas irmãs e nossos irmãos porto-alegrenses, favorece drasticamente as condições de violência, abandono e, inclusive, os incêndios que têm freqüentemente ocorrido nas vilas de nossa Cidade.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul Carrion está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. RAUL CARRION: Excelentíssimo Ver. Elói Guimarães, que preside a nossa Sessão na Comissão Representativa, demais Vereadoras e Vereadores e todos os que nos assistem, em primeiro lugar, nós queríamos, em nome da Bancada do PCdoB, trazer aqui a nossa solidariedade às famílias atingidas, no dia de ontem, por um incêndio na Vila Zero Hora. Foram cerca de onze casas incendiadas, 52 famílias, uma situação, portanto, de um grave sinistro, felizmente sem vítimas pessoais, mas com perdas dessas famílias que já pouco têm. Queria informar também que, prontamente, o Poder Público deu toda assistência, e que já estão iniciadas as obras para a remoção de toda Vila Zero Hora. Será um reassentamento com 230 apartamentos; terá um custo de oito milhões e meio de reais. As primeiras 70 unidades serão entregues ainda neste ano, e o conjunto todo, até o final de 2005. Fica aqui a nossa solidariedade.

Ligado a essa questão, quero relatar a esta Casa, que - apesar do recesso, todos sabemos, o trabalho continua para os Vereadores da Comissão Representativa - tivemos, nesta semana, na Cohab, uma reunião com o Setor Jurídico, o Sr. Ademir Simon e com o Chefe de Gabinete do liquidante, o Sr. Airton Silva, tratando do problema da chamada “vila do campo”, lá no Rubem Berta, entre os blocos, no espaço onde está a entrada da Rua 4. Lá, as famílias pleiteiam, junto à CEEE, a regularização da rede elétrica.

Todos nós conhecemos a situação de dezenas, quem sabe, centenas de vilas irregulares desta Cidade, onde a ligação elétrica é clandestina, com grave risco de incêndios. Aqueles moradores estão reivindicando a regularização de uma luz precária, provisória, e há a necessidade de a Cohab autorizar - porque a área ainda é da Cohab - e liberar para a CEEE realizar essa obra.

Tivemos uma boa receptividade na Cohab, mas dependerá, agora, de uma reunião do GT da Região, que ocorrerá possivelmente no dia 16 - tivemos contato com o DEMHAB -, para se conseguir uma solução e evitar cortes de luz, que já estão ocorrendo em toda a Zona Norte por essas situações de irregularidade e que estão criando graves dificuldades para a população. Também tratamos de problemas da Vila Imperatriz e da Vila do Recanto da Lagoa, junto à Cohab.

Outra questão que gostaríamos de tratar, neste momento, é relatar, Ver. Dib, Ver. Ervino, a nossa ida, na noite de ontem, à reunião do Comitê Gaúcho Preparatório ao Fórum Social Mundial de 2005, que ocorrerá no final de janeiro em Porto Alegre, retornando a Porto Alegre esse grande evento, Ver. Ervino, internacional, que, somente quando saiu de Porto Alegre, parece, alguns despertaram para o seu significado. Temos notícia de que no Fórum de Mumbai, na Índia, os próprios hoteleiros, a própria representação dos hotéis de Porto Alegre, dos taxistas, pagaram a ida à Índia, de um representante, para lá fazer uma divulgação de Porto Alegre, para que viesse novamente o Fórum Social Mundial para Porto Alegre. Então, ontem, houve a primeira reunião, está-se formando o Comitê Gaúcho; possivelmente vai ser instalado na Central Única dos Trabalhadores – CUT. Vai-se fazer um contato, inclusive, com o setor empresarial da Cidade, que tem o maior interesse, que ganha com o evento, para ver que contribuição eles também poderão dar; não podem só querer as benesses do evento, que é um evento internacional, mas também contribuir para essa grande discussão, para “Um Outro Mundo Possível”, que é o grande lema que já está criando cidadania em todo o mundo.

Examinando, também, a imprensa, no dia de hoje, e, aliás, eu acho que isso foi no dia de ontem, ainda queríamos registrar, aqui, o exame que foi feito, Ver. Dib, dos dez anos do Plano Real, o que aconteceu com as tarifas telefônicas neste País; considerando em São Paulo, que, agora, com a telefonia distribuída por companhias privadas - monopólios privados para cada região, que “deitam a rolam”, portanto - o que aconteceu em São Paulo? Enquanto, em dez anos, de julho de 1994 a junho de 2004, o índice do IPC da FIPE aumentou 145%, em dez anos, as tarifas da telefonia fixa aumentaram 611%, quatro vezes mais...

 

(Aparte anti-regimental da Verª Clênia Maranhão.)

 

O SR. RAUL CARRION: Não, não foi o Governo Lula, Verª Clênia Maranhão, apesar do seu aparte anti-regimental; veja bem as datas: julho de 1994 – assume Fernando Henrique Cardoso, neoliberal apoiado por toda a oposição desta Cidade; junho de 2004 – a FIPE: 145%; telefonia fixa: 611%! É a esta espoliação que o povo brasileiro está submetido pelas privatizações que aqui foram feitas pelo Britto, Verª Clênia. Então, nós temos de atentar à exploração que o povo brasileiro está sofrendo.

Por fim, nós queríamos tratar de uma outra questão que podemos ler hoje nos jornais. Temos aqui a matéria do jornal Correio do Povo, página 6, com o seguinte título: “Desigualdade é a maior causa de violência”. Nós todos estamos extremamente preocupados com essa questão da violência; muitos fazem disso cavalo-de-batalha, muitos querem a redução da idade penal. O que esse estudo do IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, revela? Que a desigualdade social é uma das maiores causas da violência, e algumas pessoas ainda não sabem disso. Portanto, nós temos de atacar esse problema, Ver. Dib, também na sua raiz, enfrentando a desigualdade social, criando oportunidades de trabalho, criando oportunidades de lazer, oportunidades de cultura. Os dados são estarrecedores; eles mostram que, de 34 milhões de jovens, entre 15 e 24 anos, 4,2 milhões estão na pobreza extrema. Desses que estão nessa situação, 67% não concluiu o ensino fundamental, 30% não trabalha nem estuda, e 11% são jovens analfabetos. Dos analfabetos, 73%, mostrando a discriminação de raça, são negros. E 90% dos jovens em conflito com a lei tinham entre 16 e 18 anos, sendo que 60% eram negros, 51% não freqüentava a escola, 49% não trabalhava, e 86% eram usuários de drogas, que é outra causa fundamental. E ocorre uma coisa interessante, ou seja, a violência desse jovem, Verª Clênia, não é só pela exclusão material a que ele está submetido, mas pela própria exclusão simbólica em que ele se encontra; ele não está dentro dos paradigmas da aceitabilidade na sociedade; ele não é branco, ele não tem escolaridade, ele não se veste bem, ele não tem carteira assinada. Então, essa violência é uma reação também à injustiça a que ele se sente submetido, mostrando que nós temos de enfrentar essa problemática da violência com uma visão ancorada numa compreensão sociológica do fenômeno. Isso não quer dizer, como alguns dizem – e alguns querem negar isso: “Ah, mas o Fulano, de família rica, também cometeu um crime”; a exceção existe para isso, mas, se considerarmos, no seu conjunto, na questão das grandes ocorrências, está diretamente vinculada à exclusão social, material e simbólica, e vinculada à injustiça a que esses jovens são submetidos pela nossa sociedade desigual, que não vamos mudar da noite para o dia, mas temos de, ao menos, ter a consciência disso, para trabalhar nesse rumo. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Vencemos a lista de oradores titulares. Visivelmente não há quórum para ingressarmos na Ordem do Dia.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Reunião às 11h05min.)

 

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